Melhores Filmes de 2023

Mangosteen de Tulapop Saenjaroen

Mais um longo post com os melhores filmes do ano. São os melhores filmes lançados entre 2021-23 com mais de 40 minutos de duração. Espero que vocês tenham paciência para ler tudo. 2023 foi um ano bem interessante para o cinema de modo geral. Bressane lançou dois filmes, Herman Yau colocou quatro filmes na bolsa e Sang-Soo, claro, lançou mais dois. Depois de lançar seis filmes em 2022, Lucía Seles lançou "apenas" dois filmes este ano. Surpreendentemente Takashi Miike lançou apenas um e Sion Sono e James Benning passaram em branco em 2023, algo bem raro para ambos. Friedkin e Vecchiali partiram, mas antes lançaram seus últimos filmes. Os blockbusters americanos agora dividem de vez os holofotes com os grandes lançamentos japoneses, chineses e indianos a exemplo de Godzilla Minus One, Jawan, Pathaan e Raid on the Lethal Zone e, claro, tivemos ótimos lançamentos por aqui como O Dia que te Conheci, Estranho Caminho e Tia Virgínia.
 
 

Enfim, vamos  a eles:

 
 100. Robot Dreams (Pablo Berger, 2023)
 Fábula à inexatidão da vida.

99. Building Family Ties (Pauline Bastard, 2023)
O filme de férias francês na versão estrutural.


98. The Dead Remain with Their Mouths Open (I morti rimangono con la bocca aperta, Fabrizio Ferraro, 2022)
A guerra no primeiro plano.


97. Family (Dan Palathara, 2023)
O cotidiano como campo para a hipocrisia cristã.

96. Essential Truths of the Lake (Lav Diaz, 2023)
Todos os tipos de violência.


95. Into Particles (Jinho Myung, 2023)
Uma nova história através da observação.

94. Monsters of California (Tom Delonge, 2023)
Aventura teenager desconjuntada e muito honesta.
 
93. Iké Boys (Eric McEver, 2022)
Referências sortidas para divertidíssima fábula infantil.
 
92. How to Blow Up a Pipeline (Daniel Goldhaber, 2022)
Decupagem a favor da tensão e da mensagem.
 
91. The Urgency of Death (Lucía Seles, 2023)
Uma aventura para a diretora e um filme em paralelo.
 
90. Muertes Y Maravillas (Diego Soto, 2023)
Um singelo olhar sobre o processo de despedida.
 

89. Master (Mariama Diallo, 2022) 
Pungência e gênero para revelar as estruturas do racismo.
 
88. Inside the Yellow Cocoon Shell (Pham Thien An, 2023)
O luto que reside entre Reygadas e Apichatpong.
 

87. The Caine Mutiny Court-Martial (William Friedkin, 2023)
No rigor e força que as palavras exercem.
 

86. The Human Surge 3 (Eduardo Williams, 2023)
Jogo da vida através do Street View.

85. Wake Up, Wendy (Jonathan Christian, 2022)

Filme-OVNI do ano: um romance sci-fi com estética de loja de departamentos.

 84. Our Body (Claire Simon, 2023)

Crônicas de uma observadora.

 83. Moto (Gastón Sahajdacny, 2022)

Memórias do espaço.

 82. Fallen Leaves (Aki Kaurismaki, 2023)

Dos mais leves e divertidos lamentos de Kaurismaki.

 81. Retratos Fantasmas (Kleber Mendonça Filho, 2023)

Carta à memória e uma filmografia explicada.
 
80. Espaço Liminar (Gabriel Papaléo, 2023)

Albert Pyun, amor e a cinefilia carioca. 
 
79. La Práctica (Martin Rejtman, 2023)

Corações partidos e ossos quebrados.
 
78. How to Have Sex (Molly Manning Walker, 2023)

O horror e suas consequências.

77. First Time [The Time for all but Sunset - Violet] (Nicolaas Schmidt, 2021)

Reduzir tudo à tensão.

76. Mad Fate (Soi Cheang, 2023)

Subvertendo a posição da vilania.

 75. Concrete Valley (Antoine Bourges, 2023)

Belo drama sobre curtos-circuitos em relações desgastadas.
 
74. Bad Axe (David Siev, 2022)

Nas estranhas do fascismo americano.

73. Babylon (Damien Chazelle, 2022)

Histeria digital para um tempo analógico.

 72. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Spider-Man: Across the Spider-Verse, Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson, Kemp Powers, 2023)

Declarar-se produto de tempos ansiosos.

 71. Diary of a Fleeting Affair (Chronique d'une liaison passagère, Emmanuel Mouret, 2022)

Amores volantes e a subversão das emoções.

 70. Nação Valente (Carlos Conceição, 2022)

Ilusionismo armamentista.

 69. Passages (Ira Sachs, 2023)

O ego como agente do caos e a implosão de uma relação.

 68. Yellow Saturday (Les rendez-vous du samedi, Antonin Peretjatko, 2021)

O "Céu Socialista" dos Coletes Amarelos.

 67. Millie Lies Low (Michelle Savill, 2021)

Perder a direção em função de likes e aprovação.

 66. I Like Movies (Chandler Levack, 2022)

A frágil certeza da cinefilia.

 65. Dupla Jornada (Day Shift, J.J Perry, 2022)

Um midnight movie ensolarado.

 64. Sofia Foi (Pedro Geraldo, 2023)

Contravenções estéticas e a simplicidade no encadeamento narrativo.

 63. Safe Place (Sigurno Mjesto, Juraj Lerotic, 2022)

Sobre a dor de estar vivo.

 62. Smoking Causes Coughing (Fumer fait tousser, Quentin Dupieux, 2022)

Fumar: ouvir e contar histórias enquanto o mundo acaba.

 61. Unseen (Yoko Okumura, 2023)

Novas tecnologias como mediadoras da tensão.

 60. Here (Bas Devos, 2023)

Um poema sobre pertencimento.

 59. Please Baby Please (Amanda Kramer, 2022)

O filme perdido de John Waters para a Miramax. 
 
58. Smog in Your Heart (Lucía Seles, 2022)

Intromissões autorais.

 57. One Fine Morning (Un beau matin, Mia Hansen-Love, 2022)

Nascer, morrer e uma vida entre os dois.
 

56. Leo (Lokesh Kanagaraj, 2023)
Engrenagens do exagero e um épico de ação.

 55. Raid on the Lethal Zone (Herman Yau, 2023)

Guerra ao tráfico e um disaster movie muito bem equilibrados.

 54. Ciclos da Criação (Cycles of Creation, Guli Silberstein, 2023)

A História ao fechar dos olhos.

 53. Priscilla (Sofia Coppola, 2023)

Melodrama às avessas.

 52. The Last Days of Humanity (Gli ultimi giorni dell'umanità, Alessandro Gagliardo, Enrico Ghezzi, 2022)

Só há tempo para crer na imagem.

 51. The Sea and It's Waves (La Mer et ses vagues, Liana Kassir, Renaud Pachot, 2023)

Dor da despedida na penumbra do abandono.

50. Youth (Spring) (Wang Bing, 2023)

A deterioração da vida em nome do lucro.

 49. Fragments of Paradise (KD Davison, 2023)

Aproximar-se de um mestre e da felicidade.

 48. Burning Fire (Füür brännt, Michael Karrer, 2023)

Conjunto de afetos, corpos e palavras: amizade em contemplação.

 47. Leme do Destino (Júlio Bressane, 2023)

Sedução da arte.

 46. Desaparecida (Missing, Nicholas D. Johnson, Will Merrick, 2023)

Desktop noir que dança bem conforme as exigências comerciais.

 45. Os Deliquentes (Los delincuentes, Rodrigo Moreno, 2023)

A corrupção e suas ironias.

 44. Menus Plaisirs - Les Troigros (Frederick Wiseman, 2023)

Pequenos mundos feitos à mão e um universo composto pela câmera.

 43. Scarlet (Pietro Marcello, 2023)

Amor e ausência na mesma nota.
 
42. My Falcon (Mein Falke, Dominik Graf, 2023)
Escoar a indomável dor.
 

41. In Our Day (Hong Sang-Soo, 2023)
Hong no divã à procura da beleza no mundo.

 40. Mangosteen (Tulapop Saenjaroen, 2023)

Fluxos e associações certeiras sobre o nosso fim.
 

39. Monster (Hirokazu Kore-Eda, 2023)
Emoções em estilhaços.

 38. Assasinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon, Martin Scorsese, 2023)

Mise en scène da corrupção.

 37. No One Will Save You (Brian Duffield, 2023)

Coreografias do medo.

 36. Evil Does Not Exist (Ryusuke Hamaguchi, 2023)

A ideia do capital para o progresso aniquilada pela tradição.

35. Testemunhas Silenciosas (Silent Witness, Luis Ospina, Jerónimo Atehortúa Arteaga, 2023)

Construir tributos e narrativas possíveis pelos arquivos.


34. Weak Rangers (Lucía Seles, 2022)
Uma nova narrativa para cada plano.

33. We Made a Beautiful Bouquet (Nobuhiro Doi, 2021)

Grande trabalho de controle em um melodrama.
 

32. Tia Virgínia (Fabio Meira, 2023)
Teatro do caos familiar à brasileira.

31. After (Anthony Lapia, 2023)

Fugas da realidade.


30. In Water (Hong Sang-Soo, 2023)
O mais simples e radical filme de Sang-Soo.

29. Asteroid City (Wes Anderson, 2023)

Reutilizando sensibilidade e humor para um sci-fi teatral.


28. Estranho Caminho (Guto Parente, 2023)
Enfrentando fantasmas.

27. Culpa e Desejo (L'Été Dernier, Catherine Breillat, 2023)

Limites e tensões.

26. O Dia que Te Conheci (André Novais Oliveira, 2023)

Crônica dos pequenos gestos.
 

25. Are You There God? It's Me, Margaret. (Kelly Fremon, 2023)
Celebração à melhor fase da vida.

24. Shin Kamen Rider (Hideaki Anno, 2023)

Ética samurai e Suzuki nos poros.
 

23. One Way (Andrew Baird, 2022)
Fuga minimalista.

22. May December (Todd Haynes, 2023)

Angústias e espelhos ou Persona Netflix.

 
21. Batem à Porta (Knock at the Cabin, M.Night Shyamalan, 2023)
Subverter à própria filosofia.

20. Human Not Human (Natan Castay, 2023)

Funções humanas em um mundo de computadores.


19. Revolution +1 (Masao Adachi, 2022)
A vitória da bandeira vermelha.

18. Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho (Pedro Bronz, 2022)
  
Como é bonita a força do arquivo para a cultura popular brasileira.

17. A Invenção do Outro (Bruno Jorge, 2022)
Observar o eterno western que é o Brasil.

16. Do Not Expect Too Much from the End of the World (Radu Jude, 2023)

Sorrir para o desespero e empenhar-se para o lucro alheio.
 
15. Afire (Christian Petzold, 2023)
Desaparecer perante a morte.

14. Uma Noite Perigosa na Ilha de Vulcano (Darks Miranda, 2023)

Sci-fi pelos extremos.

13. Allensworth (James Benning, 2022)
O mais incisivo Benning desde Landscape Suicide.

12. Showing Up (Kelly Reichardt, 2022)
A beleza do banal ganha novos contornos.

11. Godzilla Minus One (Takashi Yamazki, 2023)
Guerras concretas, simbólicas e um blockbuster grandioso.
 
10. Muro dos Mortos (Ler Mur des Morts, Eugène Green, 2023)
Poesia do espírito e morte do coração.

 
09. John Wick: Baba Yaga (Chad Stahelski, 2023)
 Quando o próprio filme é uma poderosa atração.

08. The Holdovers (Alex Payne, 2023)
O conceito de família em um filme de Bogdanovich ou Ashby.

07. Master Gardener (Paul Schrader, 2022)
O mal como manipulação do mundo natural ou o filme Cristão de Schrader.

06. Wanton (Victor Dubyna, 2023)
Tscherkassky no inferno digital.

 
05. A Longa Viagem do Ônibus Amarelo (Júlio Bressane, Rodrigo Lima, 2023)
Monumento à memória.

 
04. Bonjour la langue (Paul Vecchiali, 2023)
Reconstruir relações: pai, filho, imagem e linguagem.

 
03. Darkness, Darkness, Burning Bright (Gaëlle Rouard, 2022)
Ruínas e aparições.

 
02. Self-Revolutionary Cinematic Struggle (Sogo Ishii, 2023)
Sempre haverá a escuridão do cinema para novos mundos.


01. Close Your Eyes (Victor Érice, 2023)
Cinema para atravessar o próprio desaparecimento.

*

Pedro Tavares é diretor e curador do Festival ECRÃ, realizador, editor da revista Multiplot, membro da Abraccine - Associação Brasileira de Críticos de Cinema e mestre em estudos contemporâneos das artes pela UFF-RJ.

 

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