GRAN TORINO

Dirty Harry está de volta. Não tem como não se lembrar dele. A semelhança de Walt, personagem vivido por Clint Eastwood em Gran Torino com o personagem que o consagrou como ator é realmente muito grande. Mas quem se importa com isso quando temos uma trama muito mais interessante que uma ‘mera’ semelhança? Para contar e desenvolver a história batizada por um carro, o trauma de um homem é o que serve como ponto de partida em Gran Torino. Walt participou da guerra da Coréia, onde tirou a vida de alguns soldados adversários. Também trabalhou para a Ford por cinqüenta anos, onde se apaixonou pelos automóveis.

A frieza dada por Eastwood ao seu personagem é impressionante. Consegue ir do amável ao total descaso sem mover os olhos. E desta frieza que Walt cria sua conduta para sobreviver. Agora viúvo, ele passa os seus dias junto com sua cachorra e suas latas de cerveja em frente a sua casa e se irritando com pequenas demonstrações de amor vindas de seus filhos e do padre do bairro. Mas o ex-soldado vive em um bairro hoje completamente tomado por imigrantes asiáticos e são estes que mais sofrem com as grosserias vindas do xenófobo Dirt...ops, Walt.

O seu amado carro Gran Torino - e toda bajulação em torno deste - é nada mais que um pequeno coadjuvante para um homem que reaprende a ter carinho e esquecer o que a vida o empurrou goela abaixo. Walt aos poucos com boas ações, luta por uma justiça que é cega, não apenas para o submundo no qual Walt agora é espectador, mas a mesma que ele viveu no passado, com atitudes completamente violentas e típicas de um justiceiro, mas sim, que escolhe algo novo para abastecê-lo com vida.

É sim uma trama sobre mudança e busca de paz. Seja no bairro - repleto de indiferenças - ou a paz interior. Eastwood aposta numa direção mais direta, se concentrando mais nas entrelinhas do roteiro, registrando um cotidiano que pode ser considerado como paraíso para uns, mas que também pode ser o completo inferno para outros. E Walt escolheu o que era para ele e também quem merecia a paz.
★★★★
Gran Torino (Idem, EUA 2008) de Clint Eastwood

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