O VISITANTE

O cinema independente americano parece sofrer de uma síndrome nos últimos anos: Grande parte deles explora – muitos calçados em traumas do passado – as histórias acentuando sua carga dramática apenas através da montagem. No caso de O Visitante, os cortes bruscos ganham a companhia do excesso do plano detalhe e a inserção da trilha sonora, que por vezes é justificada em cena, usada como grande elo do professor Walter Vale e do imigrante Tarek Khalil.
 
Walter carrega sua cruz por ser viúvo, não estar satisfeito com seu trabalho de professor na Universidade de Connecticut e não se esforça muito em criar laços de amizade com a amargura usada como barreira.

Mesmo com essa linha de montagem, a narrativa em uso é a clássica, dando tudo mastigado para o espectador. Mas não faz que o roteiro perca sua potência, para mostrar que as oportunidades estão onde a sua esperança está instalada. O amor pela música une Walter e Tarek, este que parou no antigo apartamento de Walter, que indo para Nova York a trabalho, se depara com Tarek e sua namorada Zainab morando em seu apartamento. Eles estão em situação ilegal nos Estados Unidos, mas nem isso é motivo de preocupação para eles, que trouxeram nas bagagens sonhos maiores.

O filme divide os dois mundos: O do privilegiado e de quem busca a chance. Em pólos diferentes e oportunidades distintas. Mas uma segurança selada pela paz nasce ao encontro desses pólos. Enquanto em suas entranhas, o filme trata o assunto da ilegalidade, a necessidade do Green Card para viver na “terra das oportunidades” e a perda do valor da vida embutido pelo governo americano após os ataques de 11 de setembro, somos testemunhas de uma nova brisa para a vida de Walter.

Thomas McCarthy (diretor do ótimo O Agente da Estação) sabe dosar muito bem a clareza das mudanças na vida do professor Walter e o que está inserido no subtexto baseado na atuação magnífica de Richard Jenkins (que recebeu uma indicação ao Oscar pelo seu trabalho), que carrega o filme nas costas e pela previsível tragédia, consegue fazer que isso passe batido na trama, dando espaço para conflitos e satisfações maiores em um mundo que parece estar cego para novas chances. O filme estréia hoje nos cinemas.

★★★
O Visitante (The Visitor, EUA 2008) de Thomas McCarthy

5 comentários:

  1. Como alguns já sabem, este é um dos poucos que ainda não tive a chance de ver !abraço!

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  2. Eu não vi ninguém gostando mais do filme que eu. hehe Apaixonei-me pelo longa, ele consegue tratar tantos assuntos de forma simples e tocante. E Richard Jenkins é um monstro, Jan A.P. idem.Sobre 'Assim me diz a Bíblia'… Quando eu fiquei sabendo que ia passar no Festival do Rio, fiquei louco, cara. Mas tinha um seminário para apresentar na faculdade na única sessão que era possível eu ir. Fiquei muito puto. hehe Aí procurei na internet e achei o filme, com legenda em português ainda. Vi no PC.[]s!

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  3. Gosto de filmes simples. Só não pode ficar cansativo =] Quem sabe vejo.

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  4. Infelizmente, "O Visitante" ainda não estreou por aqui. Tenho lido muitas boas opiniões sobre a obra, a sua incluindo, e é por causa disso que me interesso em ver o longa.

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  5. Depois do seu texto foi ver este filme, acho o Richard Jenkins excelente. Valeu!

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