A PARTIDA

Para alguns, a morte é o fim. Para muitos, apenas o começo. Lá pelas tantas de A Partida, temos essa questão levantada por alguém que já a espera. O filme que levou o Oscar de filme estrangeiro deste ano nos mostra que a morte ainda pode ser alcançada enquanto ainda estamos respirando sem ser piegas. Yojiro Takita nos presenteia entre belas paisagens e a obscuridade do assunto, com uma direção coesa e escolhas técnicas certeiras, que fazem que o filme faça um breve passeio por nossas retinas, mas que consegue fazer uma longa jornada pela mente.
 
Daigo Kobayashi é um jovem que sonhava em tocar cello em uma orquestra em Tokyo, sonho este, que logo foi tomado de suas mãos. Como refúgio, resolveu voltar a sua terra natal, onde sua falecida mãe o deixou uma casa para morar. Lá, ele arruma um emprego que foge da normalidade: Ele embeleza os cadáveres antes do sepultamento ou da cerimônia de crematório. Estas cerimônias no Japão ocorrem junto ao velório, onde os familiares podem se despedir, enquanto, ela é embelezada, com extrema elegância e cuidado, algo que de certa forma, tira um peso da perda, tira as impurezas do mundo e valoriza a vida da pessoa.
 
Mas Kobayashi tem que enfrentar alguns obstáculos com sua volta: Os fantasmas do passado e seu trauma com o abandono do pai, que vem com o inconseqüente rancor infantil que é regado a cada lembrança. Fora isso, ele tem que lidar com o preconceito vindo da vizinhança e de sua própria mulher referente à sua profissão. O refúgio real não vem de sua cidade natal e sim da sua rotina e de quem está ao seu redor, com excelência e lealdade, Kobayashi sabe que só assim poderá se livrar do que o atormenta.

O filme pode ser dividido em duas partes: A primeira é mais dinâmica e se preocupa em ser mais didática aos problemas e conflitos dos personagens, com leves inserções de humor para tirar a morbidez do assunto principal do filme. A segunda parte tem cenas mais longas e introspectivas, sendo clara a opção do diretor de captar emoções reais dos atores, mas sempre coberta por uma simplicidade que tira qualquer excesso melodramático da narrativa.

Yojiro Takita não se preocupa em fazer questões profundas sobre a morte e deixa isso para o espectador que se dispõe a tal tarefa, se preocupando em registrar o cotidiano de forma mais densa, mais obscura e com longos raios de sol e um conflito que não se mostra intenso sob a pele de Kobayashi, mas que ronda a trama do começo ao fim e mesmo que caia na previsibilidade em certos momentos, o filme cativa, sem titubear, assim como o seu personagem principal em seu ápice emotivo.
 
★★★★
A Partida (Okuribito, Japão 2008) de Yojiro Takita

5 comentários:

  1. Ah-rá! Esperava por esse post! rsAinda continuo minha saga para encontrá-lo para download…assim que assistir, te conto o que achei!abraço!

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  2. interessante. até agora, só boas referênias desse filme. providenciarei-o.abraço, rapaz

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  3. Enviado em 04/04/2009 as 10:57

    Estou louco para ver logo este filme…Estou voltando à ativa depois de um tempo parado.Abraços!

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  4. Já queria ver esse filme por causa do Oscar, mas agora que todos estão falando bem, fico ainda mais ansioso…

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  5. Não quero ver, tenho preconceito com cinema oriental. HAHAHAHHAHA (todo mundo fazendo comentário construtivo, mas o meu superou fala a verdade!)

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