MANGUE NEGRO



Quando zumbis atacam ao som de surdos e pandeiros e o banho de sangue é intenso, Rodrigo Aragão coloca o gênero terror em dois pólos distintos, mantendo a genuinidade do estilo oriundo dos Estados Unidos e os costumes brasileiros em Mangue Negro, uma obra louvável, não apenas por sua ousadia de fazer cinema de gênero, algo escasso no mercado nacional e pela sabedoria de lidar com o baixo orçamento para construir o filme.

Com essa falta de verba, o longa assume tal faceta, com o jogo de cintura suficiente para que isso não atrapalhe sua narrativa e nem que os efeitos especiais necessários pareçam pobres. Pelo contrário, a excelência que Rodrigo coloca mensagens em seu texto e o cuidado estético é grande. Mangue Negro guarda entre os ataques de zumbis o claro manifesto contra a degradação ambiental e o depósito de lixo nos manguezais.

Com a narrativa já domada por cruéis assassinatos e a vingança da natureza, o longa ameaça afundar na mesmice e na exaustão, mas o roteiro também assinado por Rodrigo Aragão tem o gancho necessário para ganhar ritmo e reinventar a tensão do filme. Existe uma pequena dose de humor negro no texto e a comparação com Evil Dead de Sam Raimi é óbvia.

Mangue Negro merece ser visto pela sábia maneira de se fazer um filme de gênero e manter a identidade e não parecer uma cópia de um filme americano, por ser um filme b e se levar a sério no ponto certo para não tender ao ridículo. É um filme cativante e sua esfera é coberta pela paixão e coragem de se fazer cinema neste país.


Mangue Negro (Idem, Brasil, 2008) de Rodrigo Aragão

9 comentários:

  1. Oi Pedro! Cara, tu não é o primeiro a avaliar bem esse filme. Por se tratar de uma produção de terror nacional, a expectativa para vê-lo aumenta. Mesmo não sendo fã desse gênero mais slasher… abs.

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  2. Parece divertido. Raimi made in Brazil.

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  3. cinematranscedental23 de maio de 2013 às 19:00

    taí, fiquei curioso para assisti-lo.

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  4. Já comentei outra vez que nem sou grande fã do gênero, mas essa produção está recebendo alguns elogios e sempre é bom ver algo diferente no cinema nacional.

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  5. Cinema alternativo sempre é bem interessante ficar de olho. Traz coisas diferentes daquilo que a gente tá acostumado a ver e muitas vezes tem coisas muito boas. Rodrigo Aragão foi corajoso em fazer um filme de gênero no Brasil, ainda mais de terror, já que as chances de cair no ostracismo é grande.

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  6. Olá PedroJá tinha lido outras críticas positivas sobre este filme, assim como a sua. É legal mesmo quando vemos um trabalho ousado do cinema nacional dando certo. Quero muito ver "Mangue Negro", porém não sei se sairá aqui na minha cidade.Abraços e até mais.

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  7. O Rodrigo é daqui da minha terra, na época em que vi o filme já era fã dele por um curta (você deve achar na internet, chama-se Chupa Cabra)… Depois de postar sobre o filme consegui entrar em contato com ele e ele me convidou para ir no ateliê conhecer o trabalho dele, me prometeu alguns DVD's… Me deu até o celular dele… e… eu nunca fiz nada disso… :SFalta de tempo é foda… mas Mangue Negro é MUUUUITO bom…

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