POLYTECHNIQUE


 Inacreditável como somos tão vulneráveis a ponto de deixar um sentimento incrustado dominar nossas vidas. Em Polytechnique, Denis Villeneuve reconstítui os fatos ocorridos em uma faculdade em Montreal, em 1989. De fato não existe um motivo plausível para essa história ser contada a cores. O frio e a constante neve que cai é  conivente à ausência de cores. A vida de um garoto dessa faculdade também é sem cores e dominada pelo rancor. Este que foi crescente conforme a falta de oportunidades para uma volta por cima iam aparecendo.

Para este garoto, a única chance que existe, é no mínimo, ficar do mesmo nível das feministas, que segundo ele, destruíram sua vida. Já é o norte suficiente para questionarmos o radicalismo presente já naquela época. A partir daí, infelizmente, Villeneuve perde a mão e o fio narrativo de seu filme e o que faz é um jogo de gato e rato com a mesma. Enquanto o rancoroso aluno entra na faculdade que mais parece um clube noturno para se vingar das meninas, o diretor ousa em fragmentar a história. A escolha não é acertada, pois ele aproxima e afasta nosso envolvimento com Jean François e Valérie, protagonistas do longa.

Entre os bucólicos takes de uma fria Montreal e o brutal acerto de contas de um jovem rancoroso, o que Villeneuve nos oferece de melhor em Polytechnique é mostrar uma compaixão contrária a toda arbitrariedade deste personagem, que é dominante na narrativa. Infelizmente, o seu resultado é irregular. Talvez pela escolha da ação pelo aspecto físico e não pelo psicológico ou simplesmente por não aproximar os personagens de forma coesa com a platéia.

 
Polytechnique (Idem, Canadá, 2009) de Denis Villeneuve

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