MARÉ DE AZAR

 

Mike Judge ficou conhecido em todo mundo durante os anos 90 por ser criador de uma das séries mais famosas da MTV. Beavis & Butt-Head teve durante quatro anos de exibição grandes marcas de audiência para a emissora e ganharam um longa-metragem para encerrar bem a saga da dupla de roqueiros descerebrados. Judge também foi produtor e roteirista da série O Rei do Pedaço, que durou doze anos na Fox. Nesse tempo, ele teve tempo para criar e dirigir o inesquecível Como Enlouquecer o Seu Chefe e o polêmico Idiocracy, que dividiu opiniões ao tratar com deboche o processo de “idiotização” do ser humano. Desta vez, a veia cômica do diretor floresce de forma mais acessível em Maré de Azar.

Como o título nacional entrega, trata-se de uma trama que conforme seu andamento, a vida do protagonista vai piorando. A influência das obras de Kevin Smith é clara. A composição de personagens, algumas referências musicais (incluindo a presença de Gene Simmons, vocalista do Kiss), o roteiro bem estruturado – que remete diretamente aos bons tempos de Smith e a inevitável lembrança pela presença de Ben Affleck no elenco, reforçando tal idéia. A narrativa é dinâmica e seus personagens caricatos só ajudam a elevar as situações em extremidades que Judge está acostumado a mostrar, através de Beavis e Butt-Head, especialmente.

Os pilares dessa grande maré de azar são o caso extraconjugal da esposa de Joel (Jason Bateman) e um processo que pode levar sua firma de extratos à falência por conta de uma grande oportunista que deseja levar a melhor em cima dos empregados da firma de Joel. Como ajudante, ele tem Dean (Affleck) que faz uma espécie de Jay & Silent Bob em versão econômica. Na busca de soluções nada práticas, eles só pioram as coisas e lógico, para nós é um prato cheio.
Tudo funciona muito bem no filme de Judge, principalmente o timing, mas a comparação inevitável com os filmes de Smith dura toda a duração de Maré de Azar. A sensação é de vermos um longa requentado mesmo com toda sagacidade de Judge para fazer o espectador um rir, esta que provavelmente é a arte mais complexa de ser bem sucedido.


Maré de Azar (Extract, EUA, 2009) Direção: Mike Judge

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