OS DESCENDENTES


Entre as belezas naturais do estado do Havaí, lá estão uma highway e um cemitério nas primeiras sequências de Os Descendentes, filme adaptado do livro homônimo de Kaui Hart Hemmings. A narração em off, com Matt King (George Clooney) afirmando que a idéia de paraíso não existe mais, cabe à locação e a vida de seu protagonista. Afinal, sua família está distante e se separa a cada dia mais. Como o arquipélago mais distante dos Estados Unidos.

Alexander Payne
(Sideways – Entre umas e outras, Eleição, As Confissões de Schmidt) perito na desconstrução de persona em leves tons, nesta sequência aponta o caminho para o seu filme: a relação com a morte e a chegada avassaladora da urbanização ao arquipélago. Matt enfrenta a pressão de criar suas filhas após o acidente que deixou sua esposa em coma e a venda de hectares herdados para construção de um resort que salvaria a vida de seus distantes e falidos primos.

O filme não se limita aos contornos melodramáticos. A relação com as filhas, deslocadas e prafrentex (que rende ótimos conflitos de gerações e a idéia de fim da autoridade na instituição familiar), e a descoberta de um caso extraconjugal por parte da esposa dão a leveza necessária e característica dos filmes de Payne. Rico em alusões imagéticas ao estado mental de seu protagonista, pressionado pelo símbolo que decifrado dá o mesmo peso à esposa e as filhas como reflexo da população havaiana, vítima de fenômenos naturais e do exacerbado crescimento do turismo e do processo de urbanização do local.

★★★
Os Descendentes (The Descendants, EUA, 2011) de Alexander Payne

Um comentário:

  1. Eu não esperava muito por esse filme mas eu acabei gostando muito. Especialmente aquela cena que Matt conta "a noticia" para Alex na piscina e ela começa a chorar e gritar embaixo d'agua.

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