HISTÓRIAS CRUZADAS


Baseado no livro The Help de Kathryn Stockett, Histórias Cruzadas pauta a profetização da era de mudanças nos EUA; o sonho americano vivia o ápice de sua antítese e como reflexo, a intolerância deitava-se sobre a liberdade. A postura hipócrita das famílias do subúrbio de Mississipi cultuava certa inocência para maquiar a crueldade ao tratar diferenças raciais.

O longa dirigido por Tate Taylor foca o processo de produção do livro, aqui escrito por Eugenia Skeeter (Emma Stone) em parceria com uma dúzia de domésticas vítimas de maus tratos transformadas em caridade através da ilusão que o tempo cultuava. Era o tempo em que produtos representavam a salvação e a liberdade; esta inversão de valores que refletem traumas até hoje discutidos por diretores que focam o subúrbio americano como pilar narrativo à exemplo de Todd Solondz e John Waters.

Histórias Cruzadas garante uma boa trama, elenco afinado, direção que sugere a composição de passado (escravidão) e futuro (o fim da era Kennedy, os panteras negras e revolução feminista) sem utilizar elipses; o ego de seus antagonistas serve como previsível fim para um conto moral necessário.
Se por um lado as idéias de Taylor funcionam bem como suporte político, o filme ganha dormência pelo exagero da idéia de melodrama; tudo ganha um suposto refinamento passional, doloroso. A atraente postura libertária que o filme ameaçava adotar às personagens é deixada de lado rapidamente para simplesmente tornar-se acessível. Afinal, lágrimas vendem bem mais que o suor. Novamente, a antítese do sonho americano.


Histórias Cruzadas (The Help, EUA, 2011) de Tate Taylor

2 comentários:

  1. Como vai? Achei consideravelmente agradável seu site, e resolvi publicar esse recado! Muito bem por isso, e fique com sucesso!

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  2. lágrimas vendem bem mais que o suor – muitíssimo bem colocado. E essa tem sido a premissa adotada em vários filmes, infelizmente…

    De toda forma, outra coisa que me incomoda muito nesse filme (admito que não assisti, só li bastante a respeito) é que uma branca acaba servindo de "libertadora" dos negros – o que, de certa forma, é bastante estigmatizante…

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