AMOR E DOR


Se há alguma virtude em Amor e Dor, ela está no sufocante espaço cênico que moldura a intensa relação de impulsividade e submissão de Hua (Corinne Yam) e Matthieu (Tahar Rarim). A câmera nauseante de Lou Ye enverniza a idéia de caos e claustrofobia estética como reflexo de situações empíricas e inexplicáveis de uma paixão.

De fios narrativos soltos, Ye intenciona a dinâmica do julgamento – quem é vilão nesta história, afinal? Personagens vêm e vão com única razão ilustrativa: seja pelo caminho da violência ou do desejo, a impunidade parece inerente ao casal e aos que estão ao redor. E o mistério da conduta de Hua e Matthieu é a imagem principal do filme, que não se sustenta nem mesmo com cenas expressivas onde sexo e violência se misturam.

Ye, como sempre, coloca o dedo nas feridas, mas não se preocupa em criar laços com nada, nem com Paris ou Pequim, locais por onde Hua desenha locais de vivência e fuga, respectivamente. Um frio reflexo dos dias atuais, onde não se pertence a nada e ninguém, nem que ambos te espanquem de forma literal e figurada.

★★
Amor e Dor (Love and Bruises, França/China, 2011) de Lou Ye

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