FESTIVAL DO RIO - PARTE 1

Começa nesta quinta-feira (27) a maratona para os fãs de cinema do Rio de Janeiro. Entre os 400 filmes selecionados para o Festival do Rio, apenas seis fizeram parte da seleção oficial de Cannes - fato proveniente do ineditismo da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que impossibilita a exibição de filmes nos dois eventos. Com destaque para Pietá, de Kim-Ki Duk (vencedor do Festival de Veneza), Moonrise Kingdom, de Wes Anderson (filme de abertura de Cannes), César Deve Morrer de Paolo e Vittorio Taviani (Urso de Ouro no Festival de Berlim) e Indomável Sonhadora (vencedor do Festival de Sundance), para citar alguns, o Festival do Rio estará em cartaz até o dia 11 de outubro.  E nós já vimos alguns filmes da programação. Confira os comentários:

WOODY ALLEN – UM DOCUMENTÁRIO (Woody Allen – A Documentary, EUA, 2011) de Robert B. Weide

Através do modelo documental televisivo, Weide tenta ao máximo aproximar o diretor neurótico ao público que o adora; o esforço é nítido e isso logo se transforma no êxito do longa. Acompanhamos filme a filme – sem muitos detalhes por parte de Allen, há não ser, claro, o autodepreciamento – a ascensão de um comediante a mito cinematográfico. Pela longa duração e a mesmice metodológica, o documentário não escapa do atrofiamento rítmico.
ELETRICK CHILDREN  (Idem, EUA, 2012) de Rebbeca Thomas

De conceito híbrido, Rebbeca Thomas une os dois extremos pelo tom fabuloso para resgatar o espírito de liberdade oitentista/noventista e a necessidade da quebra de paradigmas. A sensibilidade barroca de Thomas joga a favor do registro de uma época. Funciona em boa parte do tempo, mas não foge da redundância.
MOONRISE KINGDOM (Idem, EUA, 2012) de Wes Anderson

Envolto da estética característica dos filmes de Wes Anderson - muitas cores, ligação direta à maquetes e desenhos animados aliados à persona caricatada de personagens, Moonrise Kingdom faz o paralelo do sonho juvenil ao pesadelo da vida adulta através do sonho de casamento de jovens que vivem o primeiro amor, daqueles puros e simples. O longa é encantador em todos os aspectos, mas não foge da mesmice e deixa claro que Wes Anderson necessita de renovação para filmes vindouros.
O SEGREDO DA CABANA (The Cabin in the Woods, EUA, 2012) de Drew Goddard

Toda polêmica que ronda o longa de Drew Goddard vem do clássico do "ame ou odeie". O Segredo da Cabana aos poucos se revela como um filme sobre o gênero ao invés de ser mais um na lista de filmes de terror. E lá estão referências de filmes, personagens, diretores, eixos básicos narrativos como o azar, o sadismo ou a dor e, claro o perfil do público. O mais delicioso é como Goddard abraça um dos maiores pilares do gênero - o humor - e deixa o ar de dúvida se devemos realmente levar o quebra-cabeças a sério. Independente de sua decisão, verá um filme e tanto.
TWIXT (Idem, França, 2011) de Francis Ford Coppola

O que surpreende em Twixt é como Coppola não se intimida com o tom fabuloso para homenagear Edgar Allan Poe. Extremista, tudo pode soar de gosto duvidoso no filme - inclusive o argumento -, mas é simples entrar na dança sugerida pelo diretor: use a noção de espectador para o lado leitor e vice-versa. E assim, narrativa e estética farão sentido.
UM HOMEM ADORÁVEL (Lovely Man, Indonésia, 2011) de Teddy Soeriaatmadja

Transpassando o clássico conflito paternal/maternal para os dias de hoje, Teddy Soeriaatmadja usa a pensão e um pai travesti que se prostitui para pagar as contas da filha como catalisadores. Preso aos diálogos, muitos deles em forma de pregação, a noite que desenvolve o filme se esmaece conforme cresce a previsibilidade na relação entre pai e filha. Ambos possuem características marginais em extremos e comportamentos opostos, porém, de forma particular, não escondem a dor do cotidiano.
LEÕES (Leones, Argentina/França/Holanda, 2012) de Jazmín Lopez

Onírico e construído em boa parte por lentos planos-sequência, Leões  guarda a angústia adolescente ao largar literalmente seus personagens numa floresta, local próximo a um acidente automobilístico. Lá, estão os mistérios da vida adulta, os excessos da juventude e as brincadeiras da infância. Remetente aos conflitos à forma de Vittorio de Sica – monstro em forma de lentidão -, Jazmín Lopez mostra potencial para abordagens transgressoras ao senso dramático e desenvolvimento narrativo principalmente por conta dos limites do tempo e espaço em cena, privilegiando a atmosfera, a intensidade e a experiência sensorial.
O LIVRO DO APOCALIPSE (Nryu Myeongmang Bogoseo, Coréia do Sul, 2012) de Kim Jee-Woon e Yim Pil-sung
Cristo, Buda e alienígenas servem de suporte para o exercício da fina ironia dentro do estudo sobre o fim dos tempos. Pragas, a doentia relação do homem com as máquinas (criador vs. criatura) e, claro, o terror declarado sobre o fim do mundo, aonde nenhum deus chegará e sim uma bola de sinuca gigante. Por ser dividido em três capítulos diferentes, o longa não escapa da redundância do assunto, mas garante boas alusões.
CÉSAR DEVE MORRER (Cesare Deve Morire, Itália, 2012) de Paolo e Vittorio Taviani

Na encenação de Júlio Cesar de Shakespeare com detentos de uma penitenciária de Roma, Paolo e Vittorio Taviani estudam a gênese da direção de atores e da mise en scene e as diversas facetas históricas da Itália. A entrega dos detentos, a mudança do cotidiano e a colisão natural e densamente dramática entre realidade e ficção potencializada pelo método documental, de cortes bruscos e inserções poéticas com mudanças entre cor e preto e branco e diálogos direcionados à câmera fazem deste exercício uma experiência singular. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim.

LOS CHIDOS (Idem, México/EUA/Alemanha, 2012) de Omar Rodriguez Lopez
Remetente à aura anárquica dos primeiros longas de Pedro Almodóvar, Los Chidos também abraça os cenários coloridos e lisérgicos para abordar com humor negro a relação entre México e Estados Unidos. O filme de Omar o coloca direto no posto de novo autor que passeia por gêneros e mostra abrangência em sua ótica em comparação ao esquizofrênico O Assassino Sentimental de MáquinasLos Chidos nada mais é que o reforço de sua identidade latina ante a força americana imposta pela cultura capitalista.


BAIKONUR (Idem, Alemanha/Cazaquistão/Rússia, 2011) de Veit Helmer
Realizador desde os 14 anos de idade, com diversos projetos ambiciosos para os padrões do cinema independente e conhecido pelo projeto A Trick of Light ao lado de Wim Wenders, Veit Helmer faz de Baikonur um filme sem norte. Fora a referência do abismo existente entre o avanço da Rússia e a estagnação do Cazaquistão (foguetes e camelos), o filme de Helmer é a tentativa de unir romance aos nuances de ficção e história sem êxito. Perde em ritmo e conteúdo.
A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAO (Idem, Portugal, 2012) de João Pedro Rodrigues e João Rui  Guerra da Mata

Do conceito oriundo da videoarte e de instalações, o filme-documento que aborda o fim da identidade numa cidade que sofre catarses diárias como Macao, que foi colônia portuguesa e hoje pouco traz do país dos realizadores prende-se ao papel do narrador como maior justificativa para   trazer o sentimento de nostalgia, espiritualidade e antes de tudo, urgência para um país superpovoado e que cresce de forma incontrolável. A idéia, porém, não sustenta a sequência de simbolismos e alusões  políticas e poéticas.
OVO E PEDRA (Jidan He Shitou, China, 2012) de Huang Ji

A tragédia anunciada na primeira cena de Ovo e Pedra serve de trampolim para a desconstrução poética envolvendo conflitos de uma jovem num país que ainda sofre consequências de um regime ditatorial. A superpopulação exige o aborto, a religião (homens?) a condena e aponta o pecado; o dinheiro é preciso, a família não; lá está o peso da necessidade de fugir para a cidade e trabalhar ou reiniciar tudo. A diretora Huang Li, 28 anos, abraça a escuridão e silhuetas e coloca sua protagonista, Honggui, como representação de uma cultura. Ou melhor, vítima de uma cultura.
NÓS E EU (The We and The I, EUA, 2012) de Michel Gondry

O que a priori aparenta ser o resgate da aura abandonada por Spike Lee nos idos dos anos 90 aos poucos se revela como a desconstrução plurilateral do cotidiano da juventude do Bronx, representada por imigrantes e negros. Usando um ônibus como espaço de ação, Gondry coloca a insegurança e a inconsequência juvenil no mesmo patamar para análise envolta de muito bom humor.
UM POUCO ZOMBIE (A Little Bit Zombie, EUA, 2012) de Casey Walker

Tudo o que um terrir deve ter o filme de Casey Walker têm: péssimas atuações, argumento ruim e exageros. Porém, Um Pouco Zumbi também possui algo que estraga qualquer filme: roteiro previsível. E quando se trata de um escracho total - a transformação de um homem em zumbi que entra em conflito existencial - de um gênero, faltam referências e acima de tudo, ousadia.
ALÉM DOS MUROS (Hors Les Murs, Bélgica/Canadá/França, 2012) de David Lambert

O debut de David Lambert (conhecido pelo roteiro de A Regata) consiste nos sintomas comuns de uma relação através do ponto de vista pessimista. Rejeição e arrependimento espelham a relação de Paulo e Illir, que, em tempos diferentes, tiveram que renunciar a antiga vida para continuar, sem se importar com a sintonia – seja afetiva ou narrativa por se abster da câmera como pilar linguístico.
EU TAMBÉM (Ja Tozhe Hochu, Rússia, 2012) de Alexey Balabanov

O papel de um dos cineastas que mais provocam e instigam a audiência russa continua vivo para Alexey Balabanov. Dessa vez, o longa - uma gigantesca metáfora sobre o purgatório - pauta a incansável busca pela felicidade, a submissão ao pessimismo e como o ego pode destruir a vida de uma pessoa. Pinceladas de humor e tom fantástico dão ao filme o humanismo necessário para um realizador acostumado a ser cru.

INDIE - Mostra Mundial - PARTE 2

Chega a São Paulo a décima segunda edição do INDIE, que além da Mostra que faz panorama do cinema mundial, traz na programação retrospectivas especiais de Charles Burnett, Aleksey Balabanov e Kazuyoshi Kumakiri.

Comentários sobre filmes da Mostra Mundial:

URSINHO DE PELÚCIA (Teddy Bear, Dinamarca, 2012) de Mads Mathiesen

Como o nome já entrega, o filme que deu a Mads Mathiesen o prêmio de direção no Festival de Sundance deste ano desconstrói em momentos pontuais a persona de um homem fragilizado e submisso por trás do porte físico musculoso. Acompanhamos a saga do fim da carência e do início da amizade e do amor após anos de um martírio silencioso em meio a uma guerra não declarada. Um filme que equipara fluxo e conflitos sem maiores problemas.
 

ALÉM DOS MUROS (Hors Le Murs, Bélgica/Canadá/França, 2012) de David Lambert

O debut de David Lambert (conhecido pelo roteiro de A Regata) consiste nos sintomas comuns de uma relação através do ponto de vista pessimista. Rejeição e arrependimento espelham a relação de Paulo e Illir, que, em tempos diferentes, tiveram que renunciar a antiga vida para continuar, sem se importar com a sintonia - seja afetiva ou narrativa por se abster da câmera como pilar linguístico.
CRIANÇAS ELÉTRICAS (Eletrick Children, EUA, 2012) de Rebbeca Thomas

De conceito híbrido, Rebbeca Thomas une os dois extremos pelo tom fabuloso para resgatar o espírito de liberdade oitentista/noventista e a necessidade da quebra de paradigmas. A sensibilidade barroca de Thomas joga a favor do registro de uma época. Funciona em boa parte do tempo, mas não foge da redundância.
 

A GRANDE FESTA DO CINEMA (The Great Cinema Party, Coréia do Sul/Filipinas, 2012) de Raya Martin

Das cenas de arquivo que antecipam o convite à festa ("André Bazin e Andrei Tarkovsky estarão lá") e que logo remetem à mesmice americana em filmar a guerra através do século e na imortalidade da intolerância, Raya Martin cria um painel de referências no encontro de uma equipe estrangeira com profissionais de cinema filipinos. Do expressionismo alemão ao enquadramento Eisensteiniano à proximidade na desconstrução de sentimentos que o cinema traz de Blue de Derek Jarman, Martin isola qualquer tipo de intenção clara. Seu experimentalismo deve ser palatável àqueles que estão dispostos.

VALE DOS SANTOS (Valley of Saints, Índia, 2011) de Musa Syeed

Insatisfação e o sonho de recomeço servem como ponto de partida para a fria análise ao sentido de pertencer a um lugar. Família e amizades reforçam a idéia, porém, não impedem o fluxo de destruição literal de um pequeno vilarejo indiano. Vale dos Santos serve como caleidoscópio de uma nação que cresce de forma irregular, curiosamente da mesma forma que o desenvolvimento narrativo.

DREDD


Se a HQ de John Wagner é comparação automática para o filme dirigido por Pete Travis (“Ponto de Vista”), o longa de 1995 estrelado por Sylvester Stallone dirigido por Danny Cannon também servirá como pilar comparativo. Afinal, o que vemos em Dredd é nada mais que a revitalização da representação do policial disciplinado num tempo apocalíptico.

E Travis equipara seu filme ao que é atual, onde sua força está justamente na estética – imagem e som, sujeira, quadros referentes aos gibis e diversos tempos de ação remetentes ao moderno e clipado cinema de Guy Ritchie, Mark Neveldine e Brian Taylor. Estamos diante do fim, do tempo de videogames e clipes.

Como um sintoma realista, Dredd é menos anti-herói; pois, hoje em dia, é comum não criarmos identificação com nenhum personagem. Estamos diante de um espetáculo visual hipnotizante, onde balas e chamas voam tão alto que raros são os momentos de aproximação com o Dredd (Karl Urban) e Anderson - policial-médium em primeira missão – com o público.

Pois na proposta de realismo e crítica ao imediatismo de nossos dias está a grande falha do longa; Dredd é fabuloso e espetaculoso, porém, com argumentos ocos, justificativas nada plausíveis e o desfoque geral da proposta inicial de atrelar panorama histórico à linguagem cinematográfica.

Dredd (Dredd 3D, EUA/Reino Unido/Índia, 2012) de Pete Travis

TOP 10 JOHN HUGHES

Por Natália Alonso

Obviamente, os adeptos ao cinema conhecem há tempos este nome e, merecidamente, creditam o roteirista preferido dos adolescentes nas décadas de 80 e 90. Muitos dos filmes que as pessoas nunca cansam de ver em “Sessão da Tarde” e afins tiveram embutidos o talento e a visão empática de John Hughes.

Hughes não vale ser lembrado apenas como roteirista e diretor, mas, como alguém que compreendeu, acima de tudo, a alma adolescente e soube tratar os conflitos de forma leve e delicada, sem banalizá-los. É difícil escolher dez filmes entre seus trabalhos de direção e roteiro, mas, certamente, algum deles marcou a vida de alguém em algum momento. E pode-se afirmar com veemência que, pelo menos, um destes filmes você já assistiu mais de uma vez.

10.       Alguém Muito Especial  (Some Kind of Wonderful) – 1987.

Dois conflitos: Em um deles, o garoto que quer tomar suas próprias decisões em relação à faculdade e é reprimido pelo pai. No outro, apaixona-se pela garota mais popular e bonita do colégio, que namora um garoto rico, e pede ajuda para sua melhor amiga, que cultiva sentimentos por ele, para conquistá-la. O roteiro é de Hughes.

9.         Férias Frustradas (Vacation) – 1983. 

A típica viagem de férias estadunidense está prestes a dar errado quando uma simples ida a um parque de diversões é impedida por diversas desventuras, protagonizadas por Chevy Chase. Fez tanto sucesso, que ganhou continuação. Mais uma vez, o roteiro é de Hughes.


8.         Beethoven – O Magnífico (Beethoven) – 1992 

De todos os filmes envolvendo animais como macacos, golfinhos, chimpanzés e cães, “Beethoven” é um dos poucos que valem assistir e re-assistir. Apaixonante história do desastrado cão da raça São Bernardo que adota a família Newton e conquista um por um, aos poucos. Personagens trabalhados e histórias individuais, embora o foco esteja no cachorro, o restante não é esquecido nem tratado com superficialidade. Assim como Férias Frustradas, teve sequência, porém, entre os cinco da série, o primeiro e original é o mais consistente.

7.         Dennis, o Pimentinha (Denis the Menace) – 1993. 

O inesquecível Walter Matthau dá vida ao mal humorado e rabugento “Senhor Wilson” das telas do cinema. Baseado em um desenho animado, conta a história de um garoto aparentemente angelical que inferniza a vizinhança e, claro, seu alvo principal: Senhor Wilson.

6.         Gatinhas e Gatões (Sixteen Candles) – 1984.

Molly Ringwald era a musa adolescente da época, queridinha de Hughes. Samantha Baker (Molly) teve seu aniversário esquecido pela família, é constantemente assediada por um inconveniente garoto e ainda é apaixonada por alguém que namora, simplesmente, a garota mais bonita do colégio. No elenco, John e Joan Cusack.

5.         A Garota de Rosa-Shocking (Pretty in Pink) – 1986.

A sinopse é simples: garota pobre que namora garoto rico e é constantemente pressionado pelos amigos (um deles, James Spader – sim, de Sexo, Mentiras e Videotape!). Diversos conflitos para Molly (novamente): a mãe que foi embora e a deixou com o pai, que não consegue superar a perda; o preconceito por sua classe social; o conturbado namoro com um garoto rico. E, para piorar, seu melhor amigo (interpretado por ninguém mais que Jon CryerTwo and a Half Man) é apaixonado por ela. Sem dinheiro para comprar roupa para ir ao baile, ela constrói seu próprio vestido.


4.         Mulher Nota Mil (Weird Science) – 1985.

O sonho de todos os “nerds”: criar a mulher perfeita no computador e ela se materializar na sua frente. Foi o que aconteceu com Gary e Wyatt. E fez tanto, mas tanto sucesso, que virou seriado.


3.         Esqueceram de Mim (Home Alone) – 1990.

Brigar com a família, desejar ser sozinho, acordar e o sonho ter sido realizado: para poucos. Aconteceu com Kevin McCallister e, desde então, acontece todo Natal, seja em canal aberto ou fechado. Tornou-se um clássico e ganhou sequência à altura.


2.         Clube dos Cinco (The Breakfast Club) – 1985.
Os cinco adolescentes de diferentes grupos sociais precisam cumprir a detenção durante o sábado, vigiados pelo diretor da escola. Durante as 8 horas que são obrigados a conviver na biblioteca, trocam xingamentos, elogios e confidências. E descobrem que, embora com personalidades e vidas distintas, têm muito em comum.

1.         Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off) – 1986.

Ferris Bueller finge estar doente para aproveitar o dia com seu melhor amigo e sua namorada. Embora seus pais sejam condescendentes com a atitude e acreditem em sua doença, o diretor (Jeffrey Jones) e sua irmã (Jennifer Grey) tentarão de tudo para que sua farsa venha à tona. Mas não será tão fácil assim.

Maldita Realidade: O ponto em comum dos filmes do Indie

"O Rio era um Homem"
Conhecido por trazer em sua programação uma vasta quantidade de assuntos e abordagens em sua mostra mundial, a décima segunda edição da Mostra de Cinema Indie traz, curiosamente, o diagnóstico do sentimento de frustração que os novos tempos trouxeram. É possível analisar em filmes de diversos países, gêneros e linguagens que em comum, todos eles possuem o grito de desespero; o fim precede o reinício (o que adormece a idéia de história edificante), realidades paralelas, desespero e carência são consequências de um sintoma comum.

Decepção é o ponto de partida para muitos filmes da Mostra Mundial do Indie; se não está lá no primeiro plano, ela se desenvolverá como um monstro conforme a narrativa em diversos tons. Prova disto é a comédia americana O Círculo Cromático, comédia fortemente influenciada pela geração indie dos anos 80 e 90 que conta a história de dois irmãos beirando os trinta anos frustrados com a vida profissional e amorosa que pegam a estrada para um recomeço forçado e Ovo e Pedra, denso drama chinês vencedor do Tigar Awards no Festival de Roterdã. O longa dirigido por Huang Ji de apenas 28 anos buscou a sua própria essência – protagonista Honggui, deslocada, culpada, que toma a aparência de um vulto pelas câmeras aprende a lidar com os fantasmas da vida na força e no sangue.

A discrepância de gêneros com o assunto em comum continua – a comédia de humor negro Los Chidos, dirigida por Omar Rodriguez Lopez, conta a história de uma família desonesta que cuida de um ferro-velho que tem sua rotina transformada com a chegada de um americano disposto a ajudá-los. A metáfora da relação entre EUA e México amplifica a sensação de desespero por um futuro próspero. Já o belo Nunca é Tarde Demais relata a volta forçada de um homem a Israel ainda indisposto em relação a um acerto com o passado. Crônicas Sexuais de uma Família Francesa dispensa comentários. Os fantasiosos Baikonur e Uma Nuvem em um Copo D’Água e o cru O Rio era um Homem flertam com a existência e o espiritual, sempre desmembrados pelas decepções, sejam elas imediatas ou não.

É interessante, mesmo que de forma acidental, a mostra faça o panorama de um sintoma realista em seus argumentos. O Indie traz em sua programação filmes de nomes contemplados em Cannes como Brillante Mendoza (Em Nome de Deus) e Apichatpong Weerasethakul (Hotel Mekong) e consagrados como Raya Martin (A Grande Festa do Cinema) e Naomi Kawase (Vestígio), o vencedor do Urso de Prata do Festival de Berlim Apenas o Vento e 3.11 – Sentir-se em Casa, filme produzido a partir de curtas de três minutos e onze segundos com diretores como os já citados Mendoza, Weerasethakul e Kawase, além de Jia Zhang Ke e Patti Smith.

INDIE - Mostra de Cinema Mundial - PARTE 1

Começa nesta quinta (6) a décima segunda edição do Indie - Mostra de Cinema Mundial e nós preparamos uma espécie de guia com pequenos comentários sobre os filmes da Mostra Mundial que traz também retrospectivas dos diretores Aleksey Balabanov, Kazuyoshi Kumakiri e Charles Burnett.

O CÍRCULO CROMÁTICO (The Color Wheel, EUA, 2011) de Alex Ross Perry

A sucessão de acertos de O Círculo Cromático deve-se justamente às claras influências do cinema independente americano ao longo dos anos. Do No Wave das décadas de 70/80 ao mumblecore dos anos 00’s via Slackers dos anos 90, o filme passeia sem medo por estas vertentes ao narrar com bom humor a viagem entre dois irmãos que dividem muito mais que a insegurança que a vida adulta os oferece. Outro ponto a ser ressaltado é a força da atuação de Carlen Altman em livre improviso. Altman, assim como o diretor/protagonista Alex Ross Perry, é figurinha carimbada dos filmes “batizados” pelo festival de Sundance, berço dos filmes independentes nos EUA, onde os irmãos Duplass e Joe Swanberg apareceram para o mundo.

LOS CHIDOS (Idem, México/EUA/Alemanha, 2012) de Omar Rodriguez Lopez

Remetente à aura anárquica dos primeiros longas de Pedro Almodóvar, Los Chidos também abraça os cenários coloridos e lisérgicos para abordar com humor negro a relação entre México e Estados Unidos. O filme de Omar o coloca direto no posto de novo autor que passeia por gêneros e mostra abrangência em sua ótica em comparação ao esquizofrênico O Assassino Sentimental de Máquinas. Los Chidos nada mais é que o reforço de sua identidade latina ante a força americana imposta pela cultura capitalista.

 QUANDO CAI A NOITE (Wo Hai You Hua Yao Shuo, Coréia do Sul/China, 2012) de Ying Liang

A dor de uma mãe prestes a perder o filho para a burocracia e manipulação política do governo chinês vem traduzida em planos fechados, câmera estática e lentidão narrativa. O filme de Ying Liang, vencedor do festival de Locarno, ganha – e muito – nas inserções poéticas que representam a dor de uma mãe dedicada à compreensão do suposto ato do filho e à superação da dor através da simplicidade. O filme de Liang é baseado no caso que marcou a morte de seis policiais em Shanghai.

OVO E PEDRA (Jidan He Shitou, China, 2012) de Huang Ji

A tragédia anunciada na primeira cena de Ovo e Pedra serve de trampolim para a desconstrução poética envolvendo conflitos de uma jovem num país que ainda sofre consequências de um regime ditatorial. A superpopulação exige o aborto, a religião (homens?) a condena e aponta o pecado; o dinheiro é preciso, a família não; lá está o peso da necessidade de fugir para a cidade e trabalhar ou reiniciar tudo. A diretora Huang Li, 28 anos, abraça a escuridão e silhuetas e coloca sua protagonista, Honggui, como representação de uma cultura. Ou melhor, vítima de uma cultura.
 

O RIO ERA UM HOMEM (Derr Fluss War Einst Ein Mensch, Alemanha, 2011) de Jan Zabell

A breve representação da tensão racial durante a visita de um turista alemão à África toma proporções inesperadas quando Zabell flerta com o lado espiritual e de certa forma com a contracultura do local. Jan Zabell costura o seu filme aos moldes de um tour de force com ritmo narrativo lentíssimo, cortes bruscos entre cenas – em sua maioria – sem diálogos e rico em alusões políticas.

UMA NUVEM EM UM COPO D’ÁGUA (Un Nuage Dans Un Verre D’Eau, França/Canadá, 2011) de Srinath C. Samarasinghe

Apresentado como um falso documentário, o filme que dá a ilusão de tomar caminhos existenciais é bruscamente interrompido pelo tom de thriller. Seja lá por qual lado for, personagens e representações são cercados pela abordagem fantástica - algo completamente dispensável. O resultado é um longa sem identidade, perdido entre o conflito “morrer ou ser assassinado”, sem ao menos investigar o significado da morte neste contexto.

NUNCA É TARDE DEMAIS (Aff Paam Lo Meuchar Miday, Israel, 2011) de Ido Fluk

Enfrentar a frustração de voltar para a casa dos pais, os fantasmas do passado e recomeçar, mesmo quando tudo parece perdido. O que parece clichê nesta abreviação é subvertido por Ido Fluk, que não teme em criar dobras pro seu filme e reforçá-las quando a narrativa de ritmo e fluxo consistentes pede. O filme de Fluk está mais interessado em captar o que está ao redor da solidão, o interior de seu protagonista, ao invés de vendê-lo como  estereótipo. 
BAIKONUR (Idem, Alemanha/Cazaquistão/Rússia, 2011) de Veit Helmer

Realizador desde os 14 anos de idade, com diversos projetos ambiciosos para os padrões do cinema independente e conhecido pelo projeto A Trick of Light ao lado de Wim Wenders, Veit Helmer faz de Baikonur um filme sem norte. Fora a referência do abismo existente entre o avanço da Rússia e a estagnação do Cazaquistão (foguetes e camelos), o filme de Helmer é a tentativa de unir romance aos nuances de ficção e história sem êxito. Perde em ritmo e conteúdo.

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