MARGARET


Muitos tentaram usar a analogias como recurso político ou existencial como ferramenta narrativa apó os ataques de 11/09. Tal metodologia ganha nova identidade em Margaret, longa que marca o retorno de Kenneth Lonergan (Conte Comigo) à direção em um filme coeso, que lentamente disseca o posicionamento americano perante todos os poréns que justificam o ataque terrorista e seus desdobramentos.

Do acidente que traumatiza a estudante Lisa Cohen (Anna Paquin em performance impressionante), acompanhamos um filme-cotidiano com insinuações de duplicidade que aos poucos dominam a história até contaminar toda a tela numa pequena e brilhante cena - sem atores, sem diálogos, apenas Nova Iorque.
Lisa está longe de ser uma boa moça. Ela é a epítome da hipocrisia americana, acostumada a resolver e equiparar sentimentos com acordos judiciais geralmente associados às quantias astronômicas - e que pode manipular isso para o bem ou para o mal. O que importa mesmo é se sentir completo - pelo menos para quem vê de fora.

Lonergan utiliza elementos comuns como a rotina de um colégio ou relações amorosas para elaborar este raciocínio aberto ao julgamento do espectador; ego, dinheiro, sofisticação, arte e amizade parecem ingredientes para uma bomba-relógio pronta para ferir quem a produziu.

Como um círculo vicioso com discussões calorosas sobre crença e comportamento, Margaret levanta a bola e se esquiva de qualquer resposta grosseira. Seu intuito é instigar a explosão sem qualquer tipo de afirmação. E o dever é cumprido com louvor.

Margaret (Idem, EUA, 2011) de Kenneth Lonergan

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