NA NEBLINA


Embrião do cinema como arma de discurso, os códigos de moral e ética ainda regem grandes obras. Na Neblina, dirigido pelo ucraniano Sergei Loznitsa (Minha Felicidade), parte de um jogo de interesses entre alemães e bielorrussos durante a segunda guerra mundial.

Na Neblina traz características que consagraram Loznitsa como diretor de filmes duros, sem eixos, muitas vezes comandados pelo silêncio e inerência. Desta vez, em um período de luto e dor intensa, as relações tratadas pelo diretor partem diretamente destes códigos, mesmo que vidas possam se perder pelo meio do caminho. A teia criada pela intolerância faz caminho inverso aqui; toda força exibida, em boa parte do tempo desconstrói a alma destes homens, em boa parte do filme perdidos, seja dentro de uma floresta ou em lembranças recentes.

É curioso como o lamento toma todo vínculo com o passado destes homens. Relações afetivas são apagadas. O que vale é o momento, onde os alemães são representação do terror. Este é o ponto onde Na Neblina, apesar do suposto distanciamento se torna extremamente humano.

E a neblina que os engole vem com o peso de suas ações – seja pela consciência ou senso de justiça, Loznitsa revela outra face da crueldade durante a segunda guerra. Afinal, para alguns, estar vivo é o maior castigo.

 
Na Neblina (V Tumane, Alemanha, Países Baixos, Bielorrúsia, Rússia, Letônia, 2012) de Sergei Loznitsa

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