LOVELACE


Rob Epstein e Jeffrey Friedman, que outrora contaram a história de vida do poeta beat Allen Ginsberg em Howl, desta vez dão foco – em partes - ao lado desconhecido do fenômeno do cinema erótico Garganta Profunda, estrelado pro Linda Lovelace. O filme que invariavelmente desafiou a forma pudica de lidar com diversos temas, inclusive aspectos políticos coloca a personagem interpretada por Amanda Seyfried  em função do drama.

Lovelace parte de um preceito estético interessante. Epstein e Friedman preservam macetes comuns do cinema da época retratada, incluindo os granulados de imagem e desenho de som. Também na tela, está o ideal da família perfeita. E a história pode ser dividido em duas vertentes: a primeira mostra de forma contida o despudor de Linda Lovelace potencializado pela relação conturbada com os pais e a necessidade de aceitação. O outro, o conturbado processo de filmagem que durou 17 dias. No set, tudo funciona, mas o foco é o que acontece atrás das câmeras e a repercussão do filme.

E este é um bom exemplo de como um filme pode morrer na mesa de edição. Entre idas e vindas dos seis anos que separam pontos importantes da vida da atriz, Lovelace se perde e enfraquece. A matemática proposta por Epstein e Friedman  perde vigor a cada elipse. Pais e amigos vão e voltam esmaecidos a cada aparição. A força dramática é ilusória, pois a irregularidade dilui qualquer intenção de envolvimento e choque. Este balanço fraquejado faz de Lovelace um filme inocente; uma afirmação irônica perto do impacto cultural de Garganta Profunda.

★★

Lovelace (Idem, EUA, 2013) de Rob Epstein e Jeffrey Friedman

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