ELES VOLTAM



 

Eles Voltam, debutdiretorial de Marcelo Lordello (Vigias) em longas de ficção tenta englobar diversos meios e abordagens sociais para o elemento básico do cinema contemporâneo pernambucano: o desenvolvimento desenfreado do mercado imobiliário e a reconfiguração do modelo de cidade. O avanço tecnológico e a globalização servem como formalismos para identificação do discurso de extrema fluidez com essência vinda da ação e da ambivalência entre ambiente e dramaturgia. 


Eles Voltam, porém, começa pela margem. Abandonados pela estrada pelos pais, Peu (Georgio Kokkosi) e Cris (Maria Luiza Tavares) estão longe da cidade, num ambiente inóspito à primeira vista e que se apresenta, com a força do trabalho dramatúrgico de Lordello, em extremo oposto. Cris encontra outra realidade; o sobrenome, o tom da pele, costumes e necessidades distintas de sua rotina na cidade. Este panorama vem à força - concretizado lentamente - e no momento ideal na construção da personadesta menina introspectiva.  Deste conflito o filme é feito e sobrevive.


Cris é um personagem nômade, pois visita diversas óticas de vida em pouco tempo. Seja rodeada por sonhos, pessimismo ou prédios, Eles Voltam prega o discurso da vivência ante o julgamento, ainda que de forma frágil. A adolescência é o momento pertinente para se sentir órfão, desamparado e sufocado, sem a certeza de que tudo pode voltar para o lugar. E assim, Lordello tem a licença para abolir o olhar feminino, dentro de um filme, em sua maioria, feito por mulheres.


E, como seu título, o filme é a análise de um grande sofisma. Inerente ao concreto e ao asfalto, o humanismo aqui acompanha o discurso político sobre a divisão de classes e costumes moldados por máquinas, sonhos e construções.

Eles Voltam (Idem, Brasil, 2012) de Marcelo Lordello  

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